Sissi

2006-11-25

OS PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO

De acordo com a Conference on Freedom of Expression and Public Acess (Helsinki, 10-11 June, 1999), os profissionais da informação são “documentalistas, bibliotecários, arquivistas, gestores da informação e do conhecimento, e outros que são intermediários entre os criadores de conteúdo, os serviços de fornecedores de informação, os utilizadores de informação e as tecnologias da informação”.
Os Profissionais da informação, nomeadamente os bibliotecários concebem, organizam e administram informação. No âmbito das suas tarefas, têm a responsabilidade de avaliar e adquirir suportes documentais, isto é materiais livro a não-livro, tais como livros, revistas, jornais, manuscritos, CDs, DVDs, entre outros, com os objectivos de facilitar o acesso à informação e disponibilizar os documentos aos utilizadores.
O papel do bibliotecário é, no fundo, o de saber e conseguir gerir serviços e catálogos. Cabe-lhe, também, definir as tabelas de autoridade da biblioteca (CDU e UNIMARC) e promover acções de difusão, a fim de tornar acessíveis as fontes de informação.
O bibliotecário está, ainda, encarregue de actividades, tais como a divulgação e a animação, coordenando e supervisionando os recursos humanos e materiais necessários às actividades a desenvolver e proceder à avaliação dos resultados.
Do meu ponto de vista, o bibliotecário dos nossos dias, e do futuro, é ou deverá ser um cibertecário, isto é, um profissional da informação deverá ter a capacidade de enfrentar o cenário de mudança com o qual as bibliotecas se deparam actualmente, tanto a nível tecnológico como a outros níveis, o que constitui um desafio no sentido de dar resposta às necessidades dos utilizadores.
Cabe, também, a estes profissionais gerir a informação, isto é, seleccionar e analisar informação com o objectivo de a racionalizar, daí a importância em inventariar as necessidades dos utilizadores e proceder à análise e à avaliação da qualidade dos serviços e produtos documentais. Neste sentido, estes profissionais devem manter actualizadas as colecções perspectivando necessidades futuras, devem produzir e difundir informação adequada aos interesses dos seus utilizadores, bem como organizar e realizar actividades de promoção do livro e de animação cultural.
Nas unidades documentais, estes profissionais podem desempenhar funções em áreas específicas, nomeadamente no apoio directo aos utilizadores, ajudando a definir estratégias em bases de dados, ministrando formação aos utilizadores e garantindo o acesso mais rápido e fiável a informação pretendida.
Os profissionais da informação que trabalham na gestão integrada da unidade documental estão incumbidos, designadamente, de gerir os recursos humanos da unidade documental, como por exemplo os técnicos profissionais de biblioteca e documentação, bem como de gerir os recursos financeiros, nomeadamente através da preparação de orçamentos, podendo ainda estar encarregues de outras actividades, tais como a divulgação e a animação.
O código de ética para os profissionais da informação em Portugal funciona como um instrumento de clarificação e ajuda à decisão ética, data de 1999 e rege-se por três princípios fundamentais: Liberdade intelectual, Privacidade dos utilizadores dos serviços de informação e profissionalismo.
Os objectivos do código de ética para os profissionais da informação são: dar aos utilizadores dos serviços de informação portugueses a confiança de que os profissionais respeitam os seus direitos, apresentar à sociedade o compromisso que os profissionais de informação, que trabalham em Portugal, assumem perante os valores éticos que norteiam a sua actividade profissional e ajudar a integração profissional de novos membros, expressando sucintamente os valores da profissão.
Este código deontológico deve assentar, de facto, nos princípios da liberdade e carácter gratuito da informação, de modo que sejam alcançados os princípios de qualidade, seriedade e rigor, quer para os profissionais da informação quer para qualquer utilizador.
É importante a tomada de consciência da existência de regras que se aplicam a toda a classe dos profissionais da informação, para que as pessoas reconheçam a presença de uma lei escrita que facilita e clarifica a decisão em casos de dúvida. As comunidade deve saber que existem limites na utilização da informação e quais são, que a informação pessoal que deixam em qualquer serviço de informação pode ser guardada electronicamente e não será disponibilizada a terceiros, que quando o acesso a certos tipos de informação for negado podem reclamar e que a censura da informação não é praticada nos serviços de informação. Por conseguinte, as pessoas concluem que existe uma classe profissional que está mais esclarecida e garante a qualidade profissional em muitos aspectos e também no ético.
Este conjunto de regras de conduta, que passam pela sensibilidade e pela responsabilização, é muito importante para o exercício profissional na área da informação. Estas regras são não só normas reguladoras do modo de agir dentro da organização e de acordo com os seus actos, como também normas regulamentares perante a comunidade. No entanto, pelo facto deste documento ser apenas um código de ética e de deontologia, não traduz um cariz de obrigatoriedade perante a lei.
Almejo reforçar a ideia de que os profissionais da informação assumem um papel muito importante nas bibliotecas públicas, tendo como missões essenciais seleccionar, coligir e organizar informação, no sentido de ser disponibilizada à comunidade, sem descurar a sua preservação.
Neste contexto, estes profissionais devem manifestar uma grande preocupação com a colecção, manutenção, actualização, selecção e aquisição de fundos documentais nos mais diversos suportes, bem como a sua disponibilização ao público e o livre acesso. Deste modo, os recursos humanos devem ter formação técnica adequada, ser atentos e informados, frequentar acções de formação, sentir a preocupação em conhecer os interesses da comunidade envolvente e em satisfazer as necessidades dos seus utilizadores.
Considero que os direitos morais de cada indivíduo estarão sempre salvaguardados, desde que os princípios universais do respeito pela dignidade humana, o direito à liberdade de expressão e opinião, a igualdade de oportunidades, a confidencialidade e a privacidade estejam consagrados no léxico dos profissionais da informação.
Antes de terminar gostaria de acrescentar que, há muitos anos atrás, a qualidade da biblioteca era vista como sinónimo do tamanho da colecção, isto é, a biblioteca era avaliada tendo em conta o que ela tinha e não o que ela fazia. Na verdade, a definição de biblioteca como um local onde se conservam grandes quantidades de espécies documentais deixou de ser sinónimo e qualidade.
Actualmente, as bibliotecas são avaliadas em função dos serviços que prestam. Neste âmbito, apresento alguns excertos que abordam a temática da qualidade.
A qualidade em serviços públicos é definida como sendo: “ uma filosofia de gestão que permite alcançar uma maior eficácia e eficiência dos serviços, a desburocratização e simplificação de processos e procedimentos e a satisfação das necessidades explícitas e implícitas dos cidadãos”. (Decreto- Lei nº166/99 de 13 de Maio)
“O serviço prestado diz-se de qualidade quando é capaz de confirmar, de forma consistente, as expectativas que levaram o cliente a adquiri-lo”. (Parasuraman)
“Qualquer biblioteca é livre de escolher o sistema de avaliação que convém aos seus intentos”. (Rowena Cullen)
Para terminar, encerro esta matéria com uma citação de Manuel Carrión Gútiez (Manual de Bibliotecas, 2.ª edição, Madrid, Pirâmide, 1993, p.45): “uma organização eficaz consiste em prestar bons serviços e não em criar modelos idealmente perfeitos. A eficácia de uma biblioteca não deve medir-se pela perfeição e meticulosidade com que se realizam os seus trabalhos técnicos, mas pelo grau de ajustamento às necessidades dos utilizadores, pela qualidade e quantidade dos serviços prestados e, em última instância, pelo grau de justificação do elevado custo que supõe um serviço bibliotecário quando digno desse nome”.
SL

2006-09-24

ORIGEM DO TERMO BIBLIOTECA. CONCEITO. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA. EVOLUÇÃO DA BIBLIOTECA PÚBLICA EM PORTUGAL.

Do grego bibliothéke, «depósito de livros».

Do latim bibliothôca, «biblioteca».

Nos nossos dias, encontramos várias definições possíveis para o conceito biblioteca.
Segundo o Dicionário do Livro, entende-se por biblioteca:
"Qualquer colecção organizada de livros e de publicações em série e impressos ou de quaisquer documentos gráficos ou audiovisuais disponíveis para empréstimo, consulta ou estudo, criada com determinados fins de utilidade pública ou privada”.

Na verdade, é curioso verificar que para existirem as bibliotecas foi necessário aparecerem os livros, mas para existirem os livros foi necessário aparecer a escrita.

A escrita mais antiga, cuja existência remonta aos primórdios da humanidade, é a ideográfica, que consistia na representação gráfica de ideias. Os suportes da escrita mais antigos terão sido a pedra (6000 anos AC.), o osso (1500 anos AC.), as placas de madeira encerada, o barro (3000 AC.), as folhas de palmeira, linho e papiro (3500 AC.). No séc. III AC., surge o pergaminho.

Temos, igualmente, conhecimento das inscrições sobre argila cozida, encontradas nas ruínas de antigas cidades como a Babilónia e Assíria, na Mesopotâmia (escrita cuneiforme). No séc. II surgiram as letras maiúsculas romanas. Com o declínio da influência romana no séc. VI, desenvolveram-se várias caligrafias ou estilos de letras nacionais. As minúsculas carolinas surgiram na época de Carlos Magno e somente no séc. XIV apareceu a chamada escrita gótica. Em Itália desenvolveu-se a escrita humanística, da qual derivou a escrita moderna. Tanto no Egipto como em todo o mundo antigo do mediterrâneo, o papiro foi utilizado durante muito tempo como suporte de escrita. No século IV D.C., o pergaminho tornou-se o suporte principal da escrita na Europa.

No séc. II da nossa era surgiu o «codex», considerado o antepassado do livro. O «codex» era um livro de folhas separadas, por oposição ao «liber».

O aparecimento do papel, em princípios da Idade Média, foi o passo seguinte na evolução da escrita. A partir de meados do séc.XVI, o papel substitui o pergaminho quase inteiramente, após a imprensa ter utilizado ambos como suporte da escrita.

Segundo Jorge Peixoto, o livro é um “conjunto de folhas de papel ou de pergaminho, manuscritas ou impressas e ainda em branco, cosidas ou encadernadas com papel ou papelão, pergaminho ou pele, ou madeira, formando um todo que constituiu certo volume”.

Quanto à reprodução dos livros na antiguidade, sabemos que uma vez concluída a obra, o original passava às mãos do editor livreiro, que por sua conta ou por conta do autor o mandava copiar. Terminadas as cópias, os exemplares eram revistos e faziam-se os acabamentos, como colorir as iniciais dos parágrafos e colar as folhas.

No séc. III, a regra de S. Pacómio ordenava aos monges que que se dedicassem à cópia dos manuscritos. Cassiodoro e Boécio dedicaram-se à cópia de bons livros, no séc. VI. Com o aparecimento das grandes universidades, no séc. XIII, constituem-se as oficinas laicas de copistas, inaugurando-se a indústria e comércio regular do livro, na Idade Média. Guttemberg foi um avanço técnico que possibilitou a multiplicação, difusão e vulgarização dos impressos e livros. A invenção de máquinas de escrever no séc. XIX facilitou o trabalho de composição.

As primeiras bibliotecas surgiram na Mesopotâmia, em 3000 A.C., as quais tinham a responsabilidade de guardar e manusear o material escrito. Encontramos uma referência à existência de biblioteca pública, entre os gregos do período clássico. A mais famosa biblioteca da antiguidade – a de Alexandria – surgiu no período helenístico, de expansão comercial e política. A biblioteca propriamente dita tinha uma sala de leitura, uma oficina de copistas e um arquivo oficial para documentação. Em 24 A.C., Estrabão descreve-a como um cenáculo erudito, “destinado aos homens de letras que trabalhavam na biblioteca”.

O Império Romano implementou bibliotecas, fomentou o comércio de livros e criou um grande número de bibliotecas particulares. Com o declínio deste império, a expansão bibliográfica verificada em Roma sofre uma interrupção.

Com o aparecimento de grandes universidades no séc. XIII, surgem as bibliotecas dos colégios e universidades. Nos sécs. XIV e XV surgiu a ideia de que as bibliotecas deveriam ser locais de estudo e de reflexão, que tivessem, para além de livros, um ambiente propício ao desenvolvimento de actividades intelectuais. Mais tarde, Melvil Dewey afirmou que a biblioteca pública não era apenas uma reserva mas sim uma fonte.

Relativamente ao caso português, julgo importante fazer uma análise à forma como as bibliotecas públicas evoluíram no nosso país.

Na segunda metade do séc. XVIII, durante o reinado de D. José (1750/1777), Portugal sofreu profundas transformações pela mão do ministro Marquês de Pombal. As reformas educativas, tais como a reforma da universidade, a proliferação das academias, o aumento da actividade editorial e a criação de bibliotecas em estabelecimentos de ensino, marcaram decisivamente este período.

Em1796 surge a primeira biblioteca pública portuguesa - Real Biblioteca Pública da Corte, cujo objectivo principal da rainha D. Maria I visava a promoção da literatura portuguesa.

Por iniciativa do bispo D. Manuel do Cenáculo, em 1815, surgiu a Biblioteca Pública de Évora. Em 1834, com o triunfo das ideias liberais, assistimos ao aparecimento de diversas bibliotecas públicas em todo o país, no Porto (1833), em Vila Real (1839), em Braga (1841) e em Ponta Delgada (1845).

As Bibliotecas Populares foram criadas por D. António da Costa em 1870. Pretendia-se implementar bibliotecas em todas as sedes concelhias, de modo que os livros pudessem desenvolver os conhecimentos das classes populares. A leitura era gratuita e domiciliária, mas o seu impacto junto da população não foi grande.

Com a Proclamação da República Portuguesa em 1910, as bibliotecas assumem um papel fundamental no combate à ignorância e na tentativa de democratizar a cultura. Ensinar, informar e distrair são três objectivos que se pretendiam atingir. Em 1926, instala-se a ditadura no nosso país. Neste contexto, o papel das bibliotecas é condicionado pela censura e pelas restrições à liberdade de pensamento e de expressão. Restringe-se o acesso à leitura e à informação, pois segundo a legislação salazarista as bibliotecas tinham como objectivo principal a conservação do património bibliográfico.

A Fundação Calouste Gulbenkian, instituição privada criada em 1958, desenvolveu a sua rede de bibliotecas itinerantes e fixas. Embora com alguns condicionalismos, conseguiu-se que o livro chegasse ao leitor nos mais longínquos pontos do país.

Com o 25 de Abril de 1974, conquistou-se a liberdade, consolidou-se a democracia e constatou-se a existência da problemática da leitura pública. Em 1983, surgiu o Manifesto sobre a Leitura Pública em Portugal, que fez uma análise profunda à situação em que se encontravam as bibliotecas públicas. Na verdade, a taxa de analfabetismo era elevadíssima e os hábitos de leitura dos portugueses traduziam-se em índices alarmantes, de modo que esta situação só poderia ser resolvida com a criação de uma rede de bibliotecas públicas.

Entre 1984 e 1987 criaram-se bases necessárias para a criação de uma rede nacional de leitura pública, com os esforços da Secretaria de Estado da Cultura, da BAD, do IPL e de alguns municípios. O programa assentava numa partilha de responsabilidades entre o Estado e as autarquias, em que o primeiro surge como o promotor e o garante de uma nova política para o sector, enquanto que as autarquias eram os protagonistas mais directos e interessados das acções a desenvolver.

Neste contexto, o Estado, através do Instituto Português do Livro e da Leitura, comprometia-se a prestar apoio técnico e financeiro às autarquias interessadas em criarem as suas bibliotecas, desde que estas cumprissem determinadas directivas em termos de áreas funcionais, composição dos fundos documentais, contratação de pessoal especializado, organização e funcionamento da biblioteca (secções para adultos, crianças e de audiovisuais, livre acesso, empréstimo, actividades de animação, etc.). O apoio financeiro traduzia-se na comparticipação em 50%, a fundo perdido, dos custos totais da obra, consagrados em contratos-programa que se referem à construção ou adaptação de instalações, compra de mobiliário e equipamento, bem como aquisição de fundos documentais em diversos suportes.

No âmbito do programa da rede de bibliotecas, entre 1987 e 1995 já tínhamos 51 bibliotecas a funcionar em todo o país (Abrantes, Beja, Cantanhede, Mirandela, Ponte de Lima,…) e setenta e três em construção em diversas localidades. As bibliotecas municipais encontram-se instaladas em edifícios construídos de raiz ou adaptados para o efeito. O seu interior é acolhedor e atractivo, o mobiliário moderno e funcional, o acesso à informação é fácil, os fundos documentais existem nos mais diversos suportes, o pessoal é atento e informado. É possível conhecer a documentação existente, visitar exposições, assistir a espectáculos, participar em debates, conferências e encontros com escritores.

De acordo com o Manifesto da UNESCO (1994) «A biblioteca pública é a porta de acesso local ao conhecimento e à informação, proporcionando as condições básicos para uma aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão independente e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais».

SL

2006-09-18

AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS: O QUE SÃO? PARA QUE SERVEM?


AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS: O QUE SÃO? PARA QUE SERVEM?

Numa perspectiva de debater o tema acima questionado, pretendo começar por apresentar alguns excertos, retirados do livro A Biblioteca, de Humberto Eco, no qual o autor faz uma dissertação sobre o papel que a biblioteca assume na sociedade em que vivemos.

“… um dos mal-entendidos que dominam a noção de biblioteca é o facto de se pensar que se vai à biblioteca pedir um livro cujo título se conhece. Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da de minha casa ou da de qualquer amigo que possamos ir visitar, é de descobrir livros cuja existência não se suspeitava e que, todavia se revelam extremamente importantes para nós.

… a função ideal de uma biblioteca é de ser um pouco como a loja de um alfarrabista, algo onde se podem fazer verdadeiros achados, e esta função só pode ser permitida por meio do livre acesso aos corredores das estantes.

… se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida dos homens e, volto a recordar, à medida do homem quer também dizer alegre, com a possibilidade de se tomar um café, com a possibilidade de dois estudantes numa tarde se sentarem num maple e, não digo de se entregarem a um amplexo indecente, mas de consumarem parte do seu “flirt” na biblioteca, enquanto retiram ou voltam a pôr nas estantes alguns livros de interesse cientifico, isto é, uma biblioteca onde apeteça ir, e que se vá transformando gradualmente numa grande máquina de tempos livres…”

ECO, Humberto, A Biblioteca


O Manifesto da UNESCO sobre as Bibliotecas Públicas, publicado em 1949 e revisto em 1972, torna-se o texto de referência para os profissionais e para os responsáveis das bibliotecas públicas. As bibliotecas vão ser definidas como instituições democráticas de ensino, de cultura e de informação.

Em 1994, com a Revisão do Manifesto da UNESCO, a biblioteca pública, que em 1972 era uma instituição democrática de ensino, de cultura e de informação, é agora "porta de acesso local ao conhecimento", e "centro local de informação“.

A biblioteca pública, no sentido que o Manifesto da UNESCO deu a este conceito, resulta numa instituição activa “aberta a todos os membros da comunidade, sem distinção de raça, cor, nacionalidade, idade, religião, língua, situação social ou nível de instrução”.

Esta instituição deve funcionar com os objectivos de contribuir para assegurar a qualidade de vida dos cidadãos em geral e da comunidade envolvente em particular, em todos os seus aspectos - educativos, económicos, industriais, científicos e culturais, e fomentar a ideia de uma sociedade democrática, através da observância contínua e permanente de objectivos de educação, informação, cultura e lazer.

Por um lado, a biblioteca pública deve promover e fornecer meios para o autodesenvolvimento do indivíduo/grupo, independentemente do seu nível de educação; por outro lado, deve tentar eliminar barreiras entre os indivíduos e os conhecimentos. Deve, também, fornecer informações correctas, com rapidez e em profundidade, particularmente sobre assuntos de interesse corrente.

Relativamente ao aspecto cultural, a biblioteca terá de ser um dos principais centros da vida cultural e deverá promover uma maior fruição, prazer e apreciação de todas as artes. Terá também de participar no encorajamento à utilização positiva do lazer e facultar meios de mudança e descontracção.

Face à sociedade da informação, refiro-me ao novo ambiente informacional e tecnológico, bem como à sua permanente evolução, a biblioteca enfrenta novas realidades a vários níveis. Este novo ambiente acarreta acrescidas exigências e responsabilidades, tanto a nível financeiro como a nível organizacional e técnico. No entanto, as funções actuais da biblioteca pública não são muito diferentes das que constituem a sua herança, o contexto é que é diferente, daí que as filosofias de funcionamento a implementar devam ser renovadas e adequadas à sociedade em que vivemos.

Actualmente, a diversidade dos suportes de informação e o aumento dos volumes de informação a tratar, levam à generalização do uso das novas tecnologias nas Bibliotecas de Leitura Pública, impondo uma certa adaptação dos recursos humanos a novas competências ligadas a técnicas de organização, identificação, catalogação, classificação e indexação dos fundos documentais a esta nova realidade electrónica. Com a Rede Informática de Leitura Pública e a consequente modernização da biblioteca, espera-se não só melhorar o serviço público como os serviços internos.

Do meu ponto de vista, a biblioteca deve ser um lugar onde o utilizador pode obter informações ou recursos de conhecimento, que podem existir na biblioteca ou podem ser obtidos através dela (se localizados, por exemplo, noutra biblioteca) ou ainda que podem ser encontrados na rede. De facto, os serviços de rede na biblioteca e o uso de recursos distribuídos são fenómenos relativamente recentes com que muitos utilizadores não se encontram familiarizados, pelo que existe actualmente uma necessidade especial de aumentar o apoio que lhes é disponibilizado nesta área.

Parece-me, por conseguinte, que o utilizador espera da biblioteca mais do que o apoio na identificação de materiais relacionados com a informação de que necessita, espera também que os materiais recuperados sejam realmente relevantes e pertinentes ao mais alto nível de qualidade para as suas necessidades.

Considero que as bibliotecas públicas, pela sua dimensão e pela extensão do contexto em que se integram, sentem dificuldades em dar uma resposta rápida e adequada aos seus utilizadores, pois não têm um público preferencial, têm todos os públicos, daí a necessidade de conhecer bem a comunidades em que se inserem. As TIC podem, no entanto, dar resposta às necessidades individuais, às exigências e ao novo perfil do utilizador.

Tendo em vista a satisfação das necessidades da sua comunidade, a biblioteca pública proporciona um vasto leque de serviços, como por exemplo o acesso às grandes colecções de materiais impressos dentro do edifício da biblioteca. No entanto, este serviço poderia ser disponibilizado ao público para além das paredes da biblioteca.

Por um lado, com a evolução do sistema global de informação, o surto das novas tecnologias de informação e comunicação, a rápida produção e disseminação de informação e documentos digitais, já permite levar os serviços da biblioteca e de informação directamente ao domicílio e ao local de trabalho do utilizador. Por outro lado, existem diversas formas de transporte que poderiam permitir a oferta de serviços de biblioteca e informação a pessoas que se encontram impossibilitadas de frequentar a biblioteca, garantindo a todas as pessoas o acesso a esses serviços.

Outra questão que considero importante abordar, prende-se com os edifícios onde as bibliotecas públicas estão instaladas, os quais devem ser planeados tendo em conta a oferta de serviços. Por um lado, devem ser acessíveis a todos os membros da comunidade e flexíveis para integrarem serviços novos e em transformação; por outro, devem localizar-se nas imediações de estabelecimentos comerciais e centros culturais. Gostaria de acrescentar que o interior das bibliotecas públicas deve ser acolhedor e atractivo, o mobiliário moderno e funcional, o acesso à informação fácil, quer se encontrem instaladas em edifícios construídos de raiz, quer em edifícios adaptados para o efeito.

Para benefício de toda a comunidade, o edifício da biblioteca deve ser gerido de forma eficiente pelo bibliotecário, fazendo o melhor uso possível das instalações, isto é, a biblioteca deverá estar disponível para encontros, exposições e outras actividades.

Uma biblioteca pública tem como missões essenciais seleccionar, coligir e organizar informação, no sentido de ser disponibilizada à comunidade, sem descurar a sua preservação. Deve existir a preocupação com a colecção, manutenção, actualização, selecção e aquisição de fundos documentais nos mais diversos suportes, bem como a sua disponibilização ao público e o livre acesso. Deste modo, terá de ter recursos humanos que tenham recebido formação técnica adequada, que sejam atentos e informados, que frequentem acções de formação, que sintam a preocupação em conhecer os interesses da comunidade envolvente e em satisfazer as necessidades dos seus utilizadores.

Todos nós sabemos que as bibliotecas públicas tornaram-se mais dispendiosas, necessitando do apoio do governo para a obtenção de fundos. Surgem, assim, problemas de financiamento que se prendem com questões relacionadas com decisões, perspectivas e agendas políticas. Neste contexto, em minha opinião, as bibliotecas devem trabalhar no sentido de conseguir os fundos públicos adequados mas, como estes não são suficientes, devem encorajar-se as parcerias, procurar apoio na comunidade e trabalhar com outros organismos, sejam eles públicos ou privados.

As bibliotecas públicas devem ser implementadas em qualquer ponto do país, como factor imprescindível de desenvolvimento das populações. O seu acesso deve ser livre e gratuito, as suas colecções e informação de elevada qualidade, adequada às necessidades da comunidade e às condições locais, livres de censura, reflectindo as tendências actuais e a evolução da sociedade. O sucesso destas instituições depende vários factores, entre os quais destaco a renovação e actualização dos fundos bibliográficos, a progressiva introdução das novas tecnologias e a qualidade do seu pessoal técnico.

No fundo, a biblioteca deve estar organizada de forma o mais eficaz possível com o objectivo de dar uma resposta “democrática” e descentralizada às necessidades de todos os que pretendem informar-se, instruir-se, ou ocupar os seus tempos livres.

Do meu ponto de vista, a biblioteca enfrenta novos desafios com a emergência da sociedade da informação, sofrendo profundas transformações ligadas à presença crescente das novas tecnologias de informação e comunicação. No entanto, estes desafios podem constituir, a meu ver, a oportunidade das bibliotecas se tornarem cada vez mais importante na vida das pessoas.

Gostaria de terminar da mesma forma como comecei, isto é, invocando Umberto Eco. A meu ver, o livro A Biblioteca termina de uma forma genial, não só porque faz referência a ideias, de extrema importância, contidas no Manifesto da UNESCO, como também nos deixa uma interrogação final que podemos entender como um desafio para perspectivar o futuro.

“Sei que a UNESCO concorda comigo: «A biblioteca… deve ser de fácil acesso e as suas portas devem estar abertas a todos os membros da comunidade, que poderão usá-la livremente, sem distinções de raça, de cor, de nacionalidade, de idade, de sexo, de religião de língua, de estado civil ou de nível cultural». Uma ideia revolucionária. E a referência ao nível cultural pressupõe igualmente uma acção de educação, de apoio e de preparação. E mais: “O edifício onde está situada a biblioteca pública deve ser central, de fácil acesso mesmo para os inválidos e estar aberta a horas viáveis para toda a gente. Tanto o edifício em si como o seu mobiliário devem ser de aspecto agradável, confortáveis e acolhedores; e é essencial que os leitores possam ter acesso directo às estantes». Será que vamos conseguir transformar esta utopia em realidade?”

Até breve!

Saudações biblioteconómicas!!

SL

2006-09-14

CIÊNCIAS DOCUMENTAIS

Em Julho de 2006, terminei o Curso de Pós-Graduação em Ciências Documentais, opção Biblioteca e Documentação.

Após percorrer um longo e árduo caminho, sinto-me, efectivamente, orgulhosa! Orgulhosa e feliz!

Pretendia apresentar alguns agradecimentos. Agradeço, especialmente, à minha família e aos meus amigos pelo apoio incondicional que me deram durante este curso. Agradeço, também, aos meus professores do curso Pós-graduação em Ciências Documentais, do ISLA de Santarém, pelos conhecimentos transmitidos. No fundo, agradeço, a todos aqueles que, de forma directa ou indirecta, contribuíram para que fosse possível a realização deste curso, tendo sido factível a minha chegada à fase do estágio, a apresentação do trabalho final e, por conseguinte, a conclusão deste curso com aproveitamento.

Na verdade, este curso exigiu muito esforço, trabalho e dedicação, muitas noites perdidas e outras mal dormidas, muitos fins-de-semana, feriados e férias em casa a estudar e a elaborar trabalhos académicos. É que a vida de um trabalhador-estudante não é fácil!

E o balanço que faço? O balanço que faço é positivo, é muito positivo, pois considero que aprendi muito e que, hoje, sei mais do que sabia antes de iniciar esta Pós-Graduação. Todos conhecemos o ditado popular “o saber não ocupa lugar”. De facto, o saber é uma mais-valia, valoriza o ser humano e torna-o, a meu ver, mais hábil para encarar a vida e lidar com a subjectividade.

Concordo com Marcus Cícero quando, em Disputas Tusculanas, se refere à vantagem do saber: “Não existe ocupação tão agradável como o saber; o saber é o meio de nos dar a conhecer, ainda neste mundo, o infinito da matéria, a imensa grandeza da Natureza, os céus, as terras e os mares. O saber ensinou-nos a piedade, a moderação, a grandeza do coração; tira-nos as nossas almas das trevas e mostra-nos todas as coisas, o alto e o baixo, o primeiro, o último e tudo aquilo que se encontra no meio; o saber dá-nos os meios de viver bem e felizmente; ensina-nos a passar as nossas vidas sem descontentamento e sem vexames”.

Julgo que nunca devemos desistir de investir em nós próprios, pois o conhecimento aumenta a confiança e a determinação, mas, acima de tudo, engrandece o nosso potencial. Mas, atenção, convém não esquecer que a motivação é, indubitavelmente, o motor de arranque para avançar em busca dos nossos sonhos.

E como dizia António Gedeão, no poema “A Pedra Filosofal”:

“Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avançacomo bola colorida
entre as mãos de uma criança”.

Gostaria de referir que, no âmbito do Curso de Pós-Graduação em Ciências Documentais, opção Biblioteca e Documentação, efectuei um estágio na Biblioteca Municipal António Botto, onde exerço a minha actividade profissional há mais de dois anos.

Aproveito esta ocasião para agradecer ao Chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivos do Município de Abrantes, que é o bibliotecário responsável pela Biblioteca Municipal António Botto, Dr. Francisco Lopes, pelo tempo que disponibilizou ao meu estágio, pois reunimos algumas vezes nesse âmbito, o que foi para mim um privilégio e um contributo para a apresentação do trabalho final. Por um lado, estas reuniões foram bastante profícuas, dado que funcionaram como rampa de lançamento para o meu projecto, pois permitiram abordar várias questões relacionadas com o tema que escolhi trabalhar. Por outro lado, os conhecimentos transmitidos e as experiências relatadas pelo Dr. Francisco Lopes, foram de relevante valor do ponto de vista biblioteconómico. Agradeço, também, a alguns técnicos profissionais e a outros funcionários desta biblioteca, com quem contactei durante o estágio. Julgo que não é necessário citar nomes, pois eles sabem quem são. Muito obrigada pela simpatia, amabilidade e disponibilidade demonstradas, bem como pelas informações que me deram, pelos documentos e materiais que me cederam, os quais foram bastante úteis para a elaboração do trabalho final de estágio.

Apraz-me dizer que, ainda que possa parecer suspeita, pois trabalho nesta instituição, a Biblioteca Municipal António Botto é um arquétipo de qualidade a seguir pelas outras bibliotecas, pois a sua estrutura é organizada e metódica, segue normas e regras fundamentais que estão instauradas, obedece a uma disciplina instituída que funciona bem e, acima de tudo, a sua gestão é exemplar. Esta instituição é, indubitavelmente, um exemplo creditado de um novo conceito de biblioteca de leitura pública.

Do meu ponto de vista, a Biblioteca Municipal de Abrantes espelha o esforço que tem feito ao longo de doze anos de existência, para manter a dinâmica que estimula e não deixa o público indiferente. Ao longo dos anos, esta biblioteca reflecte a preocupação de se ir mantendo actualizada em todas as suas vertentes, no sentido de se tornar apelativa e atractiva para aquele que já é utilizador e para aquele que virá a sê-lo.

Efectivamente, considero que as experiências que vivenciei, desde que nasci até hoje, tanto a nível pessoal como profissional, bem como em contexto de formação e em situação de ensino-aprendizagem, permitem-me, indubitavelmente, ter uma noção abrangente dos serviços e funcionalidades de uma biblioteca. Neste seguimento, a realização do Curso de Pós-Graduação em Ciências Documentais, opção Biblioteca e Documentação, possibilitou, por um lado, a aquisição de novos conhecimentos, sobretudo técnicos, e por outro lado, permitiu consolidar e aprofundar aprendizagens.

E, assim, termino...

Termino na expectativa de voltar brevemente!...


SL



2006-08-30

INGLATERRA E ESCÓCIA: UMA VIAGEM INESQUECÍVEL!



Viajar é… ver o sol nascer, assistir ao pôr-do-sol, contemplar a lua, observar o brilho das estrelas, sentir o beijo da chuva, dançar com o vento, apreciar a neve, experimentar o calor do fogo, deleitar-se com o balanço das ondas do mar, abraçar a água que corre no rio, afagar a água do lago, brincar com a liberdade, …

Viajar é… conversar com outras pessoas, provar diferentes sabores, mudar de clima, descobrir novos lugares, ver diferentes paisagens, contemplar e admirar a beleza da paisagem ao nosso redor, venerar a exuberância da natureza, buscar novas experiências, procurar aventuras, desbravar fronteiras, superar limites, vencer o desconhecido, …

Viajar é fazer as pazes com o tempo!

Viajar é conviver com as estações do ano!

Viajar é viver!

Muitas vezes, viajamos através de histórias que ouvimos contar ou que lemos nos livros. Viajamos, também, por meio de imagens que vimos na televisão ou nas revistas. Mas, na verdade, precisamos de viajar por conta própria, com os nossos olhos e com os nossos pés, para entendermos o que é nosso e para valorizarmos o que nos pertence. Viajar para lugares que não conhecemos pode constituir um passo em frente rumo à sapiência, para quebrar a altivez que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Como podemos falar daquilo que não vimos, quando deveríamos simplesmente fazer as malas e ir ver!?

Em Maio tive o privilégio de conhecer a Inglaterra e a Escócia.
Durante onze dias viajei por terras inglesas e escocesas.
Uma viagem extraordinária!

Estive cerca de quatro dias em Londres.
Londres seduz ao primeiro olhar, é uma cidade atraente, fascinante e hospitaleira, plena de contrastes, actividade, vida e cor. Esta cidade da Europa é a Capital da Inglaterra e do Reino Unido, está situada no Sudeste da Grã-Bretanha, nas margens do rio Tamisa. Com uma história extremamente rica, Londres proporciona ao visitante um diversificado leque de alternativas. A cidade é bastante agradável para longas caminhadas e passeios, pois jardins e parques não faltam. Mesmo em pleno coração de Londres situa-se o grandioso Hyde Park. Quanto aos pontos de interesse a visitar, destaco o Museu Britânico (British Museum), um dos maiores museus do mundo, o Museu de Cera Madame Tussaud, o Museu de História Natural, o Museu Victoria and Albert, a Queen's Gallery, o Big Ben, a Tower Bridge, a Torre de Londres, o Museu de História Natural, o Museu Victoria and Albert, a Queen's Gallery, o Palácio de Buckingham, o Palácio de St. James, o Palácio de Westminster, a Abadia de Westminster, a Catedral de Saint Paul, London Eye, Casas do Parlamento, Regent's Park, Regent Street, Picadilly Circus, Royal Albert Hall, entre outros.


Big Ben



Torre de Londres






Tower Bridge



Picadilly Circus



A Roda do Milénio (London Eye)



Fotografia tirada de cima da Roda do Milénio (London Eye)



Fotografia tirada de cima da Roda do Milénio (London Eye)



Fotografia tirada de cima da Roda do Milénio (London Eye)

Partimos de Londres em direcção à cidade universitária de Oxford. Visitámos a pé esta cidade, conhecida pelos seus antigos colégios e pela sua universidade, uma das mais antigas da Europa.
Continuámos a viagem para Stratford-upon-Avon, terra natal de William Shakespeare.
Em Chester efectuámos uma visita a pé pela cidade amuralhada.
Partimos de Chester em direcção a Liverpool, cidade natal de um dos mais famosos grupos pop do mundo: os Beatles.
No distrito de Lagos usufruímos de um paraíso propício ao turismo de montanha e um lugar de inspiração de poetas e escritores ingleses. Passámos pelo Lago Windermere e, de seguida, pelo Lago Grasmere, junto à fronteira com a Escócia. Continuámos em direcção a Gretna Green.
Em Glasgow aproveitámos para visitar a cidade. Partimos em direcção às “Terras Altas” passando pelas belas margens do “Lock Lomond”, o maior lago do interior da Escócia. Chegámos a Fort William, uma cidade que tem ao seu lado a montanha mais alta da Grã-Bretanha, Ben Nevis. As montanhas em redor de Fort William estão entre as mais impressionantes da Escócia.
Aproveitámos para tirar muitas fotografias, pois as paisagens são maravilhosas e irresistíveis.














Continuámos a viagem até ao misterioso Lago Ness, residência do lendário monstro conhecido carinhosamente como “Nessie”.







Seguimos em direcção a Iverness, Capital das “Terras Altas”. Passámos por Pitlochry, uma pequena povoação comercial das “Terras Altas”.
Visitámos uma destilaria de Whisky onde pudemos observar todo o processo de produção, bem como saborear esta famosa bebida.
Continuámos a nossa viagem até Callander.
Chegámos a Stirling, o centro da história da Escócia e o testemunho das grandes batalhas da guerra da independência, como a batalha de Stirling Bridge, a qual nos foi dada a conhecer através do filme Braveheart. Visitámos o castelo de Stirling, em que pudemos desfrutar de paisagens magníficas e invulgares.
Continuámos a viagem até Edimburgo, uma cidade fantástica, estupenda e encantadora que me deixou deslumbrada. Deixei-me seduzir por Edimburgo, uma cidade excepcional e imponente, uma das mais belas que já vi até hoje. O Palácio de Hollyrood, a Catedral de St.Giles e a Galeria Nacional da Escócia, entre outros, foram locais que tive a oportunidade de visitar e fotografar.










Partimos em direcção a Jedburgh, através das belas paisagens das “Terras Baixas”, uma pequena povoação fronteiriça que conserva os restos de uma importante abadia benedictina.
Continuámos a viagem até Durham, uma cidade histórica, onde visitámos uma bela e admirável catedral.
Saímos em direcção a York, uma cidade extraordinária de origem romana e com uma importante história ligada aos povos vickings e saxões. York é ainda uma das cidades património da Grã Bretanha cuja catedral é uma das maiores do Norte da Europa.



















Catedral de York

Partimos em direcção a Cambridge que rivaliza com Oxford, quer na sua beleza e riqueza arquitectónicas, quer na sua parte educativa. Passeámos pelas ruas típicas de Cambridge e visitámos vários museus e colégios.






Regressámos a Londres.

No aeroporto de Heathrow, em Londres, apanhámos o avião rumo ao aeroporto da Portela, em Lisboa.

E assim voltámos ao nosso querido país, Portugal.

Eu adoro viajar!

O objectivo da viagem não é, decididamente, chegar a um lugar definido e atingir uma meta. A meu ver, o encanto da viagem reside na travessia. Afinal, o mais importante é o percurso, aquilo que vimos, conhecemos, apreendemos, sentimos e conseguimos descrever porque estivemos lá, e não porque imaginámos que era de determinada maneira. É claro que é bom sonhar, mas é muito melhor concretizar esse sonho.


"O real não está nem na saída nem na chegada: ele se impõe pra gente é no meio da travessia."

"O rios não querem chegar a nenhum lugar, eles só querem ficar mais largos e profundos."

(João Guimarães Rosa)


Dado que todos procuramos a felicidade, a realização pessoal e o equilíbrio, viajar transmite um sentimento de prazer e uma sensação de satisfação que nos apraz e que nos faz sentir bem com o mundo.
Considero, pois, que a vida tem mais sentido quando é transformada em dias de viagem.

E assim termino esta viagem, na expectativa de voltar em breve para relatar mais histórias. Despeço-me com um poema de Álvaro de Campos, do qual gosto muito, que aborda a temática da viagem.


AFINAL

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,

Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam

Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos nocturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adónis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,
Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direcções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.

Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direcções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.

Dentro de mim estão presos e atados ao chão
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,

A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direcções!

(Álvaro de Campos)

2006-02-03

PARIS



Paris é uma cidade fascinante e inesquecível, cheia de charme e glamour, que todos sonham conhecer. Os seus monumentos contam a sua história através dos séculos até os nossos dias. À noite todos eles ficam iluminados, desenhando um cenário grandiosamente magnífico.



Torre Eiffel


Paris é a Cidade Luz!



Arco do Triunfo
(Champs Élysées)



Catedral de Notre Dame


Visitar Paris é o sonho de qualquer cidadão do mundo. Esta cidade tem o dom de deslumbrar os visitantes, porque em cada esquina e em cada rua há parte da história universal para ver, o que nos encanta e fascina.

A chamada Cidade Luz prima pelo requinte, pelo romantismo, pela cultura, pela história, pelas artes revolucionária e intelectual, pela estética, pelos bons costumes, pela política, pela filosofia, pela arquitectura, pela música, pela pintura, pelo cinema, pelas invenções e por outros itens que movem a existência humana. Foi esse fascínio que me impulsionou em direcção a Paris no ano 2000, onde permaneci durante cinco semanas. No fundo, “juntei o útil ao agradável”, tirei um Curso Intensivo de Verão, na Universidade Sorbonne (Cours de Civilisation Française de la Sorbonne), e fiz questão de aproveitar a oportunidade para conhecer o máximo possível da Cidade Luz.

Paris é uma grande cidade, que recebe um elevado número de turistas de toda a parte do mundo, além de estudantes e estudiosos de várias ciências que para lá vão aprimorar a formação académica. Os visitantes têm à disposição vários pontos turísticos, como a Torre Eiffel, o Museu do Louvre e outros museus fabulosos, a Catedral de Notre Dame, o Arco do Triunfo e o Palácio de Versalhes, a Avenida dos Campos Elísios (Champs Élysées), o Rio Sena, as suas pontes românticas e os passeios de barco, os prédios magníficos e os cafés muito típicos, os maravilhosos jardins cheios de flores, as grandes avenidas e os recantos parisienses. Na verdade, encontramos lugares que são idílicos sonhos poéticos e sítios que nos remetem para escritores ou personagens reais ou fictícios na história ocidental.

O símbolo máximo de Paris é a Torre Eiffel, construída em 1889. Localizada noTrocadéro, bairro residencial chique do oeste de Paris, a torre reina entre todos os outros monumentos e não pode ser dissociada de Paris, de modo que visitá-la e olhar a cidade do topo dela é um programa imperativo. Os shows de fogos de artifício na Torre Eiffel levam milhares de pessoas para as margens do Rio Sena.

Conhecer o Museu do Louvre é obrigatório para quem visita Paris. O museu é um espaço que alia o antigo ao contemporâneo de uma forma harmoniosa, onde se destaca a sua famosa entrada, uma moderna pirâmide de vidro. No início da visita é fornecido ao visitante um mapa, em várias línguas, para melhor orientação no museu. Lá dentro podem seguir-se três direcções Sully, Richelieu e Denon, que correspondem às três alas do edifício. Depois, é só apreciar as várias obras de arte em exposição, sem esquecer a famosa Gioconda, o retrato de Mona Lisa, pintado por Leonardo Da Vinci. Este museu é o mais famoso do mundo e possui acervos que vieram directamente de reis e rainhas de França. Várias peças são oriundas de países colonizados pelos franceses. Nele, encontramos antiguidades orientais, egípcias, gregas, romanas e etruscas, bem como obras de arte, nomeadamente as pinturas de Leonardo da Vinci e artes gráficas.

Quem visita a Catedral de Notre Dame, obra-prima da arquitectura gótica, recorda-se, certamente, do escritor Vitor Hugo, do sofrido corcunda Quasímodo e da bela Esmeralda.

O Arco do Triunfo é uma obra iniciada por Napoleão Bonaparte em 1806 para comemorar suas vitórias. Pode-se subir de elevador e ter uma vista deslumbrante da cidade. Quem passa pelo Arco do Triunfo lembra-se, inevitavelmente, que há 65 anos o exército nazista alemão passou por ali, desfilando vitorioso de dominação.

O Palácio de Versalhes foi construído para mostrar a riqueza e pompa da autoridade do rei, o símbolo do absolutismo, e terminou sendo um dos palcos da Revolução Francesa.

Outros lugares tradicionais de Paris são a alameda Bois de Bologne, os bairros Marais e o Quartier Latin, a Fonte Stravinski e as praças da Concórdia, Vendôme e de la Madeleine.

Os anos passam, as vontades mudam e a cada nova época surgem outros destinos de férias terrivelmente apetecíveis e mais exóticos, mas Paris não passa de moda e é, a meu ver, uma cidade que não nos cansamos de visitar. É muito fácil gostar de Paris!

Antes de terminar, gostaria de deixar, neste espaço, um link que me enviaram por e-mail com algumas imagens fantásticas da Cidade Luz.
Espero que gostem deste souvenir de Paris!

http://framboise781.free.fr/Paris.htm

SL

2006-01-24

CABO VERDE


Ilhas do Arquipélago de Cabo Verde



Ilha do Sal

Em Setembro de 2005, estive de férias na Ilha do Sal, em Cabo Verde.
Sal é uma das ilhas mais próximas do continente africano. Esta ilha prima pela sua aridez, onde é raro encontrar vegetação, o que lhe confere uma paisagem constituída quase exclusivamente por areia e dunas. Em contrapartida, o mar é povoado por uma fauna diversificada, o que facilita uma gastronomia muito própria, que vive do perfeito equilíbrio entre os sabores fortes dos temperos e o paladar mais ou menos suave dos diversos peixes e mariscos. Plana, apesar da sua origem vulcânica, o Sal tem uma superfície total de 216 km2 e uma extensão máxima de cerca de 30 km, com cerca de 14.800 habitantes.

Na Ilha do Sal, visitei vários locais, entre os quais Pedra de Lume, uma pequena povoação onde se localizam as famosas salinas que deram o nome à ilha. As salinas ficam no interior duma antiga cratera de vulcão para onde a água do mar se infiltra e evapora, dando uma cor ligeiramente rosada. A exploração do sal iniciou-se no século XVIII e foi durante muito tempo o factor principal de desenvolvimento da ilha. Hoje em dia, a exploração de sal está reduzida ao mínimo, deixando lugar aos turistas que ali se encantam com os vestígios da natureza.
Aproveitei a ocasião para tomar o famoso banho nas salinas de Pedra de Lume. A quantidade de sal existente na água era de tal forma elevada que o meu corpo flutuava... o sal era, de facto, um óptimo hidratante e esfoliante para a pele.
Gostei particularmente deste local, de modo que passo a exibir algumas fotografias, que guardo para mais tarde recordar.










Efectivamente, ainda só tive a oportunidade de visitar uma ilha do arquipélago de Cabo Verde, o Sal, como já referi. Espero, no entanto, futuramente, visitar outras ilhas.
Antes de terminar, gostaria de deixar neste post um link, onde podem encontrar diversas informações, do meu ponto de vista interessantes, sobre Cabo Verde.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Verde